Francesca Woodman
18
como um poema inteirado
do silêncio das coisas
você fala para não me ver
20
disse que não sabe do medo da morte do amor
disse que tem medo da morte do amor
disse que o amor é morte é medo
disse que a morte é medo é amor
disse que não sabe
23
um olhar partindo do ralo
pode ser uma visão do mundo
a rebelião consiste em olhar uma rosa
até os olhos se pulverizarem
28
você se afasta dos nomes
que fiam o silêncio das coisas
Francesca Woodman
31
É um fechar os olhos e jurar não abri-los. Enquanto lá
fora se alimentarem de relógios e flores nascidas de astú-
cia. Mas com os olhos fechados e um sofrimento na ver-
dade grande demais a gente sonda os espelhos até que as
palavras esquecidas soam magicamente.
32
Área de pragas onde a adormecida come lentamente
seu coração de meia-noite
34
a pequena viajante
morria explicando sua morte
sábios animais nostálgicos
visitavam seu corpo quente
38
Este canto arrependido, vigia detrás dos meus poemas:
este canto me desmente, me amordaça.
Alejandra Pizarnik, in: Árbol de Diana, 1962. Tradução de Sérgio
Alcides. In: Puentes. Poesía argentina y brasileña contemporánea.
Ed. Fondo de
Cultura Económica. Antología bilingue.
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