Francesca Woodman
1
Dei o salto entre mim e a alvorada
Deixei meu corpo junto à luz
e cantei a tristeza daquilo que nasce.
5
por um minuto de vida breve
única de olhos abertos
por um minuto a ver
no cérebro flores pequenas
dançando como palavras na boca de um mudo
6
ela se despe no paraíso
de sua memória
ela desconhece o feroz destino
de suas visões
ela tem medo de não saber nomear
o que não existe
8
Memória iluminada, galeria onde vaga a sombra daquilo
que espero. Não é verdade que virá. Não é verdade que
não virá.
Francesca Woodman
10
um vento débil
cheio de rostos dobrados
que recorto em forma de objetos para amar
11
agora
nesta hora inocente
eu e aquela que fui nos sentamos
no umbral do meu olhar
13
explicar com palavras deste mundo
que partiu de mim um barco me levando
14
O poema que não digo,
esse que não mereço.
Medo de ser duas
a caminho do espelho:
alguém dormente em mim
me come e me bebe.
Alejandra Pizarnik, in: Árbol de Diana, 1962. Tradução de Sérgio Alcides. In: Puentes. Poesía argentina y brasileña contemporánea. Ed. Fondo de Cultura Económica. Antología bilingue.
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