domingo, 13 de novembro de 2011

. . . perto do coração.

Em 6/7/1946

Clarice, sua carta chegou como uma ventania: eu estava organizando uns formulários, pilhas de papéis em cima da mesa quando o contínuo se aproximou segurando uma carta para mim. Largou-a na minha frente, os papéis voaram. Olhei o remetente: Seminartrasse! Fiquei idiota. [...] Mas essas coisas costumam acontecer. [...] Atravessei um período duro, Clarice. Também precisei de uma palavra amiga. [...] Como você vê, não posso te mandar nenhuma palavra animadora. [...] Gostei muito da sua carta, me deu muita alegria.

Em 27/7/1946

Fernando, deixei de responder logo à sua carta porque exatamente estava em período agudo de precisar receber e não de escrever. Ainda estou assim, mas hoje é domingo de manhã, está chovendo e tudo está escuro; [...] Na sua carta tão boa para mim, você diz que não pode dar nenhuma palavra animadora, e, no entanto, vieram muitas, veio uma carta inteira delas. Uma carta que me sacudiu um pouco.

Clarice Lispector e Fernando Sabino, in: Cartas Perto do Coração. Ed. Record

12 comentários:

  1. E as vezes isto é tudo o que preciso... palavras, palavras animadoras.

    Encantador.

    um beeijo, querida!

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  2. Que lindo, dei de cara com esse livro, mas não cheguei a lê-lo... bonita escolha, Jeni.

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  3. Seu blog fica ainda mais lindo com essas doçuras...

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  4. receber umas palavrinhas quais sejam, de amigos estimados, sempre é um alento... porque as palavras podem ser uma ponte, um sol, um sorriso... Bjs darling.

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  5. Que saudades das cartas... papel, envelopes, selos, segredos, mistérios... a modernidade não tem o mesmo charme!
    Bjs!

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  6. Leio neste exato momento este livro.

    É, Fernando, de dureza a gente entende :)

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  7. Lindo o blog...to seguindo...beijossss

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  8. Lindo , como Clarice é perceptiva e esperançosa!

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