terça-feira, 2 de agosto de 2011

em 15 de setembro de 1949 - diário I


Sim, é tempo. Se tenho de existir, é pelo esforço da minha atenção. Lúcido e calmo, devo olhar o que se desprende de mim como fragmentos abandonados de uma figura que se esculpe. Agora vejo os meus contornos. Os meus vazios, é o que reconquistei até agora. De ausências é que me formo. Revejo-me no espelho imenso da minha desolação - mas é assim de pedra que me quero.

Lúcio Cardoso, in: Diário Completo. Ed. José Olympio

7 comentários:

  1. Poesia em prosa. O que é este final? Lindo...

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  2. Essas são as particularidades de um espelho, ele mostra o que quer. Um abraço, Yayá.

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  3. - mas é assim de pedra que me quero.

    Cacete! Que intenso!! E triste!

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  4. Das ausências que te formas?

    Só tu, Lúcio :)

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  5. Que coisa mais linda...
    Estou encantada com seu blog, que achado mais feliz!
    Parabéns pelo trabalho e pela sensibilidade. Lindo mesmo...

    Ana
    www.vintagetaste.com.br

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