quinta-feira, 28 de julho de 2011

XXXVI

Lilya Corneli
não perguntes por que toco o teu rosto
só com a ponta dos dedos.

deixa-me redesenhar as linhas da expressão
que perdeste

quando o sol descarrilhou de ti.

não perguntes por que falo baixo, como se
um ninho

— esta boca em que ainda canta um sem fim
de enxadas e hélices —

respirasse no interior do candeeiro.

és tão próximo, tão nu,

que só sei te amar ao modo de quem limpa
um corpo

a ser velado.

Marceli Andresa Becker, in: Do Meu Caderno de Experimentações

3 comentários:

  1. nossa, esse poema realmente mexeu comigo. de uma beleza além das palavras.

    grande abraço :)

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  2. Feli, gracias por mais esta. Acompanho-te, às vezes em silêncio, outras com voz.
    Beijo,
    Marceli

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