Tudo o que sobrevive a sua partida me dói. Doem as pernas, a carne, os ossos; dói o sol, que insiste em acariciar a minha pele, e iluminar, iluminar, iluminar; doem os dias e as horas e as horas mortas dos dias, que são quase todas; doem os carros que atravessam o sinal verde e me dão sustos que me levam ao chão. Celular, chaves, livro e bolsa espalhados. Eu espalhada. O asfalto de janeiro. O asfalto banhado por uma água insistente. É que essa chuva; é que essa vida; é que essa eu. E essas folhas que se movimentam lentamente e brotam; e essas árvores que estão florindo; e toda essa inútil beleza.
Não pára de chover e: a cidade enche; as ruas enchem; e eu agarrada as suas palavras, como um náufrago,
que
não
acredita
em
terra firme,
resisto.
Daniela Lima
Triste, porém belo.
ResponderExcluirA realidade momentânea de uma poetisa triste, a tristeza pode ser bela. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirAmei, descreveu meu momento, minha vida, sim.
ResponderExcluirQue emocionante...
ResponderExcluirEu sou chorona por natureza, se tratando de despedidas então...
nem comento :}
é lendo esse post q tenho a certeza de q a despedida é necessária, principalmente para a libertação íntima de cada um de nós.
ResponderExcluirgrande abraço.