terça-feira, 3 de maio de 2011

Tomás lembrava-se dela. O amor. Onde estaria?

Rui Soares
O amor era como a marca pálida deixada por um quadro removido após anos de vida sobre uma mesma parede. O amor produzira um vago intervalo em seu espírito, na transparência dos seus olhos, na pintura envelhecida da sua existência. Um dia, o amor gritara dentro dele, inflamara suas vísceras. Não mais. Mesmo a memória era incerta, fragmentada, pedaços do esqueleto de um monstro pré-histórico enterrados e conservados pelo acaso, impossível recompor um todo íntegro. Trinta anos depois. Duzentos milhões de anos depois [...].

Adriana Lisboa, in: Sinfonia em Branco. Ed. Rocco

5 comentários:

  1. Liiindo!
    Adorei!
    beijos meus

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  2. Saudade.... seria esse um nome bonito pra essa marca que o amor deixa.

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  3. Duzentos milhões de anos depois.

    Este é um dos livros mais profundos que já li nos meus 30 anos.
    E o amor, Tomás? Onde estará?
    Esta pergunta é sinal de que perdeu-se...

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  4. "O amor porduzira um vago intervalo em seu espírito..." Nossa , lindo isso ! Por isso te sigo sempre ! Grande Beijo.

    www.vidainversoepoesia.blogspot.com

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