sábado, 18 de dezembro de 2010

Deviantart
O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.

Caio Fernando Abreu, in: Para sempre teu, Caio F., Org. Paula Dip / Revista Around, por volta de 1985. Ed. Record

4 comentários:

  1. Amor não é pedagógico, Caio...

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  2. Tarefa difícil essa, de dizer o que se quer!

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  3. Eii!!
    Imensa alegria em ter-te de volta aqui...finalmente mais alimento para meu café da manhã e meus fins de tarde!
    Bem vinda de volta a teu reino, tão seu que nem consigo desapropriá-lo!!

    Adoorooo você!
    Aqui então...nem se fale!
    Um enorme beijo!
    Mell

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  4. Ah, momentos delicinhas.... adoro ler aqui.

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