segunda-feira, 12 de julho de 2010

Alfred Gockel
[...] Um grande amor pode existir mesmo sem resposta; o amante suspira na sombra, se acaba de paixão, sem que o objeto de seus sonhos lhe dirija, mais do que um olhar. Mais na vida real o que queremos, para que o amor se complete física e afetivamente, é que o outro também nos ame. E achamos que nosso amor só se transformará realmente num amor absoluto, na medida em que a intensidade do amor do outro for gêmea idêntica da nossa intensidade.

O amor não é mensurável. A duras penas sabemos do nosso próprio amor, quanto mais do outro. O que costumamos fazer para resolver o impasse é medir o amor do outro usando o nosso próprio amor como metro. Ele diz "eu te amo". Nos respondemos "eu também te amo". E deduzimos que as duas coisas são idênticas e que aquele amor, como a vida e a morte, representa um todo, como elas indissolúvel, e, portanto, como elas, absoluto. Está demonstrando o teorema, como se queria.
Um perigoso teorema, na verdade. Porque em cima dele, e da sua inconsistência, começamos a construir justamente aquele castelo que queríamos mais sólido e mais seguro.
E a cada tilojo fazemos um investimento maior para que cresça rumo ao alto e, como a Torre de Babel, nos leve ao céu, nos permita a eternidade, justifique a vida e esconjure a morte.

Marina Colasanti, in: E Por Falar em Amor. Ed. Salamandra

6 comentários:

  1. Simples, leve e

    V
    E
    R
    D
    A
    DEIRO...

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  2. Disse Lacan que "amar é dar o que não se tem a quem não o é", trata-se de oferecer a nossa falta e incompletude ao outro.

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  3. Jenifer,

    Maravilhoso texto de Marina, para se refletir!!

    Um grande beijo e tenha uma ótima semana!!!

    Tudo maravilhoso por aqui, como sempre!!!

    Reggina Moon

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  4. Não assisti o filme, podes me enviar o link?

    Apareça mil vezes no Divã, és uma das convidadas mais queridas ;)

    Só postarei menos porque estou de TD - tensão dissertação.


    Mil beijos,
    Vanessa S M

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  5. vim conhecer o teu reino de palavras, e é com felicidade que degusto, a gosto,

    abraço

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  6. Olá!! Sumi mesmo, né?
    Mas cá estou!!
    Tava contando as estrelas =)
    As vezes a nostalgia bate, ai em vez de costurar a gente contabiliza ^^
    Um beijo e obrigada pela visita =*

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