Mariya Kozhanova
Sugiro que Wislawa
tenha fumado no hospital
e dito – daria tudo
por um café, e alguém
com uma almofada apoiaria
sua cabeça, e ela
pensaria em dizer
que não perdeu ainda a cabeça,
mas não diria, não era
preciso, e ela, sorrindo,
sabia desde o começo,
o algodão do estofo da cama
o soro, os aparelhos,
ao rés da música abrindo
lá fora alguns pássaros
na alva da janela,
olharia a relva sem olhar
para trás, para os civis
(apenas pra moça de xale
que alimentava as pombas)
sentava num banco, elegante,
esperava, esperava
e tomava seu café
como quem abraça um amigo.
Raul Macedo
clandestina, carinhosa a memória como se abraçasse o amigo.beijo, patrícia.
ResponderExcluirLindo poema!
ResponderExcluirVocê sabe informar se o blog dele mudou de endereço? Eu tentei encontrar, mas só encontrei esse link: http://raul-macedo.blogspot.com.br/
ResponderExcluirQue triste. Realmente lamento. Esse foi o primeiro poema que eu li dele, que eu me lembre. E gostei bastante. Achei outras coisas dele pela net e gostei mais ainda. Pelo menos a poesia dele permanecerá, só os poetas são imortais.
ResponderExcluirJorge, ele fechou todos os blogues, mas você poderá encontrar (quase) tudo aqui: http://www.ellenismos.com/p/toda-poesia-raul-macedo.html
ResponderExcluirE ainda este ano publicaremos sua Poesia Reunida.
Abraços,
Nina