sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Maria Adelaide Amaral

Silvia Sala
Sampa, 15.02.82 

Levíssima¹:

Taí o Strindberg. Olha: o tamanho é por volta de 40 linhas de 70 toques, portanto duas laudas. Claaaro que pode ser duas e meia. Espero que te guste. Para que eu não enlouqueça muito, gostaria que você me entregasse lá pelo dia 22 (próxima quinta, após o feriado de quarta). Ou então 26, que é a segunda seguinte.² 

Esqueci de te falar ontem que vi o Bastidores, tava lá em Campinas, chez Hilda Hilst. Gostamos mucho. Guria, como tu é segura, chê! Parece que nunca fez outra coisa na vida a não ser dar entrevistas na tevê. Maravilha. 

Uma novidade boa: meus Morangos mofados tão saindo mês que vem (o das noivas, maio). Aguarde breve convite para ti-ti-ti de lançamento. Ia te mandar o livro hoje de manhã, mas acabei não vindo trabalhar. Ontem à noite fui ver A mulher do lado, de Truffaut, dei umas boas choradas (é liiiindo e amaaaaargo), saí meio down e acabei tomando uns vinhos talvez além da conta. 

Sinto saudade docê, todos os dias. Vai um cheirinho de alecrim e muito carinho. Seu, 

Caio, o Fernando Abreu 

¹ Os apelidos “Levinha” e “Levísisma” vêm dos 42 quilos que Maria Adelaide pesava quando Caio a conheceu. Nas palavras de Maria Adelaide, ele era muito magro, mas um dia a pegou ao colo e descobriu que ela não era magra, era levíssima.
² De novembro de 1981 a junho de 1982, Caio foi editor do periódico literário Leia Livros, de São Paulo. Aqui ele encomenda a Maria Adelaide uma resenha sobre Inferno, do dramaturgo sueco Strindberg.

Caio Fernando Abreu, in: Cartas. Org. Italo Moriconi. Ed. Aeroplano

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