Factotum - Sem Destino
bebendo cerveja alemã
e tentando alcançar o
poema imortal às
5 da tarde
mas, ah, eu disse aos
estudantes que a coisa certa
a fazer é não tentar.
mas quando as mulheres não estão
por perto e os cavalos não estão
correndo
o que mais se pode fazer?
tive um par de
fantasias sexuais
almocei fora
enviei três cartas
fui à mercearia.
nada na tv.
o telefone está calado.
passeio fio dental
entre meus dentes.
não vai chover e eu escuto
os primeiros a chegar das
8 horas de trabalho enquanto
dirigem e estacionam seus carros
atrás dos apartamentos
ao lado.
me sento bebendo cerveja alemã
e tento alcançar
o grande poema
e não irei conseguir.
apenas seguirei bebendo
mais e mais cerveja alemã
e enrolando cigarros
e lá pelas 11 horas
estarei deitado
na cama desfeita
olhando para cima
acordado sob a luz
elétrica
esperando ainda pelo poema
imortal.
e tentando alcançar o
poema imortal às
5 da tarde
mas, ah, eu disse aos
estudantes que a coisa certa
a fazer é não tentar.
mas quando as mulheres não estão
por perto e os cavalos não estão
correndo
o que mais se pode fazer?
tive um par de
fantasias sexuais
almocei fora
enviei três cartas
fui à mercearia.
nada na tv.
o telefone está calado.
passeio fio dental
entre meus dentes.
não vai chover e eu escuto
os primeiros a chegar das
8 horas de trabalho enquanto
dirigem e estacionam seus carros
atrás dos apartamentos
ao lado.
me sento bebendo cerveja alemã
e tento alcançar
o grande poema
e não irei conseguir.
apenas seguirei bebendo
mais e mais cerveja alemã
e enrolando cigarros
e lá pelas 11 horas
estarei deitado
na cama desfeita
olhando para cima
acordado sob a luz
elétrica
esperando ainda pelo poema
imortal.
Charles Bukowski, in: O Amor é Um Cão dos Diabos. Tradução de Pedro Gonzaga. Ed. L&PM
Quero tanto que a senhora onde é que vende, baratinho, esse livro aí sem Salvador ;)
ResponderExcluirFiquei cativa!
... mas sem o telefone tocar não há como escrever o grande poema... rs
ResponderExcluirBeijinhos!
Já, eu, precisaria de uma cerveja para acompanhar esse belo poema,
ResponderExcluirBjka
E o que é um poema senão detalhes?
ResponderExcluirBukowski sabia disso, no fundo :)
Bj :*
"Agarra-se então àquele corpo nu que balança devagar defronte da janela.O corpo branco ainda morno onde esconde a cara, onde encosta a cabeça. O corpo que aperta nos braços, sem desespero nem dor. A boca colada àquela pele macia, íntima, como que para lhe beber ou lhe conservar, lhe respirar, lhe insuflar o seu próprio calor." (5/6/1971. Novas Cartas Portuguesas)
ResponderExcluirAlguma prosa enquanto esperamos um imortal rs. Beijinhos, patricia freitas