(99.) Ana muda tanto os cabelos. Ana muda tanto de ideia. Ana tem um jeito oracular de me ouvir, um jeito físsil de me falar e de me ouvir. Ana, por existir, ensina-me a ser outros. Seja Ana quem for, ela, sempre a mesma e sempre outra. Amo mais em Ana um algo penumbroso, úmido, olho de peixe implantado em pássaro. Tudo o quanto falo, que não sobre Ana, é justamente pra fugir, pra não falar de Ana. Tudo o que falo sobre Ana não é menos que um não-falar sobre Ana. Pensar em Ana é minha casa. Estar com Ana é meu exílio. (Quando, em palavras, posso pensar e estar com Ana; imerso no campo animaginário, descoberto de palavras como um fio desencapado, e me queimo, e me enguio, e me restrinjo à primeira pessoa do plural, e isso me queima de um modo tal que tenho medo de não mais querer viver outra coisa.)
Wesley Peres, in: Casa entre Vértebras. Ed. Record
Wesley Peres, in: Casa entre Vértebras. Ed. Record
Ana,
ResponderExcluirO nome pra inspirar maravilhas, Nassar, Caio, e Peres (esse, pra mim, foi novidade), Engenheiros, Los Hermanos, o Teatro Mágico...
Um beijo!
E um brinde a 'Ana'
Adoro wesley e sua Ana. Ana que muda; que perambula; que se expande; que atormenta. Conheci através de você em posts anteriores e fui atrás dele. Encontrei.
ResponderExcluirAdoro o teu bom gosto!
Beijos
Sempre quis me chamar Ana...
ResponderExcluirMorena, me manda esse trecho por email?
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