quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"era Ana a minha fome... era Ana a minha loucura, era Ana a minha lâmina, ela meu arrepio, meu sopro, meu assédio..."

Lavoura Arcaica
(99.) Ana muda tanto os cabelos. Ana muda tanto de ideia. Ana tem um jeito oracular de me ouvir, um jeito físsil de me falar e de me ouvir. Ana, por existir, ensina-me a ser outros. Seja Ana quem for, ela, sempre a mesma e sempre outra. Amo mais em Ana um algo penumbroso, úmido, olho de peixe implantado em pássaro. Tudo o quanto falo, que não sobre Ana, é justamente pra fugir, pra não falar de Ana. Tudo o que falo sobre Ana não é menos que um não-falar sobre Ana. Pensar em Ana é minha casa. Estar com Ana é meu exílio. (Quando, em palavras, posso pensar e estar com Ana; imerso no campo animaginário, descoberto de palavras como um fio desencapado, e me queimo, e me enguio, e me restrinjo à primeira pessoa do plural, e isso me queima de um modo tal que tenho medo de não mais querer viver outra coisa.)

Wesley Peres, in: Casa entre Vértebras. Ed. Record

4 comentários:

  1. Ana,

    O nome pra inspirar maravilhas, Nassar, Caio, e Peres (esse, pra mim, foi novidade), Engenheiros, Los Hermanos, o Teatro Mágico...


    Um beijo!


    E um brinde a 'Ana'

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  2. Adoro wesley e sua Ana. Ana que muda; que perambula; que se expande; que atormenta. Conheci através de você em posts anteriores e fui atrás dele. Encontrei.

    Adoro o teu bom gosto!

    Beijos

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  3. Morena, me manda esse trecho por email?

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