[...] Do lado de fora, encostado à mureta da varanda, olho penhasco abaixo e vejo o mar insone. As ondas cobrem os rochedos com mais vontade do que durante o dia, e é nessas águas escuras, mais pretas do que o céu, que de repente me volta a imagem de um barco se afastando na imensidão, como se seu destino não pudesse ser outro senão o fim, e penso que se fosse possível voltar atrás faria tudo diferente. Cada passo, cada palavra dita, cada gesto na sua direção – eu apagaria tudo, como se apaga um arquivo no computador, sem que reste qualquer vestígio, qualquer lembrança.
Quando uma história termina, ainda por cima de forma tão abrupta e inesperada, só há uma coisa a fazer: procurar uma explicação para o que aconteceu. Mas quando tudo acaba o tempo já não existe, o buraco é um só, e a pergunta sempre a mesma: existe alguma coisa depois do fim?
Tatiana Salem Levy, in: Dois Rios. Ed. Record
Quando uma história termina, ainda por cima de forma tão abrupta e inesperada, só há uma coisa a fazer: procurar uma explicação para o que aconteceu. Mas quando tudo acaba o tempo já não existe, o buraco é um só, e a pergunta sempre a mesma: existe alguma coisa depois do fim?
Tatiana Salem Levy, in: Dois Rios. Ed. Record
simplesmente lindo!
ResponderExcluir:)