Estou sentada na cozinha, enquanto a massa ferve.
Amo as coisas concretas
descobrir seus nomes ao pequeno-almoço:
despertador, chuva na calçada, supermercado,
beijos na siesta,
um copo de vinho, amigos,
as pequenas mãos de meu filho,
pessoas na praça,
tu...
Elas produzem as mais doces e lânguidas cócegas,
como um banquete após o jejum.
Parece-me impossível afastar-me de tais coisas:
colam-se à minha caneta e parece que não consigo sacudi-las.
No entanto,
as coisas concretas não permitem atrasos,
e a massa já está pronta.
Assim é a vida.
Quando o semear do poema começava a germinar,
eis que o mundano vem intrometer-se.
E lá tenho eu que me levantar da mesa,
enquanto a sombra de um bilioso humor assenta.
Miren Agur Meabe / Tradução de Amaia Gabantxo - Poesia & Lda
que maravilhoso...
ResponderExcluiradoro estes poetas que conseguem fazer e falar da vida real e iluminar os dias em qualquer lugar do planeta.
Eis mais uma autora que conheço em teu reino, querida Felicidade.
Obrigada por tantas lindezas.
Bjxxx darling
Ah, manda pra mim estas `coisas`????
ResponderExcluirMais bjxxx.
Incrível, Jeni!
ResponderExcluirMuito bom... mesmo, adorei!
P.s. e a imagem? Sem palavras p/ você. Que nos encanta com tudo - belíssima.
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