terça-feira, 27 de setembro de 2011

sem Ana, blues

Nonnetta
Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela [...].

Caio Fernando Abreu, in: Os Dragões Não Conhecem o Paraíso. Ed. Companhia das Letras

2 comentários:

  1. Menina, sonhei contigo essa noite, acreditas?
    Lendo os versos aqui no reino que vim me recordar. Que maluquices, risos

    Mas parece que foi um sonho bom... estávamos conversando sobre amor(es). Saudade de ti.

    Um beijo, flor(linda).

    ResponderExcluir
  2. "Desde o dia que Atônia foi embora da minha vida que eu me pergunto: O que será que é o contrário do amor?"

    Como esquecer

    ResponderExcluir