não sente ódio, nem repugnância, então talvez se trate de desejo. Não sabe de nada. Consentiu em ir ao apartamento na noite anterior. Está onde precisa estar. [...] Ele está trêmulo. Olha para ela como se esperasse ouvi-la dizer alguma coisa, mas a moça não fala. Então ele também fica imóvel, não a despe, diz que a ama como louco, depois fica calado. Ela não responde. Poderia dizer que o ama. Não diz nada. Subitamente, compreende, num momento, que ele não a conhece, que não a conhecerá jamais. Mesmo com tantos subterfúgios para compreendê-la, jamais conseguirá. A ela compete saber. Ela sabe. [...] Ele diz que está sozinho, terrivelmente sozinho com esse amor. Ela responde que também está sozinha. Não diz com o quê. [...] E chorando realiza o ato. A princípio, a dor. E depois a dor se transforma, é arrancada lentamente, transportada para o prazer, abraçada pelo prazer.
Marguerite Duras, in: O Amante. Ed. Nova Fronteira
eu simplesmente amo marguerite duras, acho ela fantástica!
ResponderExcluirum grande abraço e um ótimo fds!
Fantástica mesmo!
ResponderExcluirMarguerite duras é quase uma necessidade para a minha alma, esse não vai pra fila, viu? rs Já o li... bacio
ResponderExcluirLer e reler este trecho...Vale! O insondável da alma, a presença do corpo.
ResponderExcluirAbraços,
Anna Amorim