Martha Barros
VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a voz dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
Manoel de Barros, in: Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século. Org. Italo Moriconi. Ed. Objetiva
manoel de barros me encanta. foi bom começar o dia lendo esse lindo poema. obrigado por tão bela escolha.
ResponderExcluirabração.
adoro o frescor poético simples dos versos do Manuel =]
ResponderExcluirnem preciso dizer o quanto amo Manoel e Martha e tantos quantos habitam esse blog, passagem obrigatória!
ResponderExcluirbeijos e obrigada! Soraia
Maravilhoso! Um abraço, Yayá.
ResponderExcluire o verbo pega de_lírio!!
ResponderExcluir...gosto tanto do filme a "lira do delírio" de walter lima jr.
ResponderExcluire se
"o verbo tem que pegar delírio",
deliremos!
beijo!
patricia