terça-feira, 28 de junho de 2011

Uma didática da invenção

Martha Barros
VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a voz dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

Manoel de Barros, in: Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século. Org. Italo Moriconi. Ed. Objetiva

6 comentários:

  1. manoel de barros me encanta. foi bom começar o dia lendo esse lindo poema. obrigado por tão bela escolha.

    abração.

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  2. adoro o frescor poético simples dos versos do Manuel =]

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  3. nem preciso dizer o quanto amo Manoel e Martha e tantos quantos habitam esse blog, passagem obrigatória!
    beijos e obrigada! Soraia

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  4. ...gosto tanto do filme a "lira do delírio" de walter lima jr.
    e se
    "o verbo tem que pegar delírio",
    deliremos!
    beijo!
    patricia

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