segunda-feira, 25 de abril de 2011

... no desalinho triste das minhas emoções confusas ...

Uma tristeza de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas, um tédio de sentir qualquer coisa, uma dor como de um soluço parado ou de uma verdade obtida. Desenrola-se me na alma desatenta esta paisagem de abdicações - áleas de gestos abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados, inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no desalinho triste de minhas sensações confusas.

Fernando Pessoa, in: O Livro do Desassossego. Ed. Companhia das Letras

3 comentários:

  1. Arrepiei novamente passando aqui...

    Tão lindo... Tão triste...

    Tão 'Pessoa'

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  2. ahh, estou agora desperta pelo livro do desassossego!
    Pessoa-tocante-fundo-exato.

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