sábado, 5 de fevereiro de 2011

nem todo mundo

Penso, Daniela, eu, esse maior dos idiotas — um confesso, contudo —, que existem só dois tipos de pessoas, a despeito de tudo mais: as que, no amor, precisam antes ser amadas e as que precisam amar.

Acordava no meio da noite com a sensação de que estava faltando alguma coisa, levantava, andava pelo apartamento, conferia as portas, o gás e sentava no sofá ao lado do telefone. Queria ligar para alguém; queria ter para quem ligar, mas: ninguém. Verificava se ainda havia alguma luz acesa nos prédios vizinhos e, quando havia, imaginava por quê. "Estou morrendo de tempo", ele disse. "Estamos", respondi. A última conversa não me saía da cabeça. Sempre ficava com a sensação de não ter dito tudo e de ter dito tudo errado e de ter escondido o que não deveria. Queria ter dito: "Não estou feliz". Foram meses planejando, idealizando e viabilizando uma vida nova, unicamente para entender que essa vida nova não era a minha vida; que essa felicidade não era a minha felicidade. E que essa paz, esse silêncio, essa pessoa no espelho…! "Um café e a conta, por favor", "Aliás, esqueça o café, me traga um desfibrilador, que o meu coração ainda pode ter jeito". E eu achando que poderia viver sem coração; que amores assim poderiam ser mortos com meia dúzia de palavras enterradas no peito. Burra.

"Alô… Oi, te acordei?".

Daniela Lima

4 comentários:

  1. Sempre tem jeito...

    http://www.vemcaluisa.blogspot.com/

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  2. Belíssimo conto!
    Totalmente Caio Fernando Abreu.

    Parabéns, escreves com a alma.

    Abraços e bom final de semana, te espero lá no blog.

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  3. Adorei, demais mesmo. Parabéns estou te seguindo, adorei teu blog, beijos.
    xx.

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  4. Querida!!
    Li a pouco o comentário lá no pensamento e fiquei no ar: "sinceramente, ando cansada de tudo isso".
    Pôxa!! se cansou de mim? das entregas? dos acordos? enfim de que foi que se cansou, menina-flor???
    Te gosto muitoo!

    Aqui sempre encantador.
    Um beijo doce!
    Mell

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