Penso, Daniela, eu, esse maior dos idiotas — um confesso, contudo —, que existem só dois tipos de pessoas, a despeito de tudo mais: as que, no amor, precisam antes ser amadas e as que precisam amar.
Acordava no meio da noite com a sensação de que estava faltando alguma coisa, levantava, andava pelo apartamento, conferia as portas, o gás e sentava no sofá ao lado do telefone. Queria ligar para alguém; queria ter para quem ligar, mas: ninguém. Verificava se ainda havia alguma luz acesa nos prédios vizinhos e, quando havia, imaginava por quê. "Estou morrendo de tempo", ele disse. "Estamos", respondi. A última conversa não me saía da cabeça. Sempre ficava com a sensação de não ter dito tudo e de ter dito tudo errado e de ter escondido o que não deveria. Queria ter dito: "Não estou feliz". Foram meses planejando, idealizando e viabilizando uma vida nova, unicamente para entender que essa vida nova não era a minha vida; que essa felicidade não era a minha felicidade. E que essa paz, esse silêncio, essa pessoa no espelho…! "Um café e a conta, por favor", "Aliás, esqueça o café, me traga um desfibrilador, que o meu coração ainda pode ter jeito". E eu achando que poderia viver sem coração; que amores assim poderiam ser mortos com meia dúzia de palavras enterradas no peito. Burra.
"Alô… Oi, te acordei?".
Daniela Lima
Acordava no meio da noite com a sensação de que estava faltando alguma coisa, levantava, andava pelo apartamento, conferia as portas, o gás e sentava no sofá ao lado do telefone. Queria ligar para alguém; queria ter para quem ligar, mas: ninguém. Verificava se ainda havia alguma luz acesa nos prédios vizinhos e, quando havia, imaginava por quê. "Estou morrendo de tempo", ele disse. "Estamos", respondi. A última conversa não me saía da cabeça. Sempre ficava com a sensação de não ter dito tudo e de ter dito tudo errado e de ter escondido o que não deveria. Queria ter dito: "Não estou feliz". Foram meses planejando, idealizando e viabilizando uma vida nova, unicamente para entender que essa vida nova não era a minha vida; que essa felicidade não era a minha felicidade. E que essa paz, esse silêncio, essa pessoa no espelho…! "Um café e a conta, por favor", "Aliás, esqueça o café, me traga um desfibrilador, que o meu coração ainda pode ter jeito". E eu achando que poderia viver sem coração; que amores assim poderiam ser mortos com meia dúzia de palavras enterradas no peito. Burra.
"Alô… Oi, te acordei?".
Daniela Lima
Sempre tem jeito...
ResponderExcluirhttp://www.vemcaluisa.blogspot.com/
Belíssimo conto!
ResponderExcluirTotalmente Caio Fernando Abreu.
Parabéns, escreves com a alma.
Abraços e bom final de semana, te espero lá no blog.
Adorei, demais mesmo. Parabéns estou te seguindo, adorei teu blog, beijos.
ResponderExcluirxx.
Querida!!
ResponderExcluirLi a pouco o comentário lá no pensamento e fiquei no ar: "sinceramente, ando cansada de tudo isso".
Pôxa!! se cansou de mim? das entregas? dos acordos? enfim de que foi que se cansou, menina-flor???
Te gosto muitoo!
Aqui sempre encantador.
Um beijo doce!
Mell