terça-feira, 3 de agosto de 2010

Coloral

Quando ele foi embora, ela tratou logo de tirar todas as flores e cores da casa. Pintou todas as paredes de bege.

Aquelas flores só faziam cheirar a cemitério. Ficavam sobre o aparador, estáticas e cabisbaixas, velando toda a energia que com ele tinha se esvaído.

A casa fica sóbria assim, pálida. Ao contrário dela, entregue às alucinações, às pontas de viagens inacabadas e um alcoolismo anestesiador.

Coisas muito coloridas têm cara de criança ou de prostituta.

O estranho era que, mesmo com tudo em bege tão discreto, longe dele ela estava se sentindo um pouco dos dois.

Samantha Abreu

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