quinta-feira, 22 de abril de 2010

João Cabral de Melo Neto
Por que escrevo é um negócio complicado... Eu tenho a impressão de que a gente escreve por dois motivos. Ou por excesso de ser - é o tipo do escritor transbordante, como a maioria dos escritores brasileiros; é uma atitude completamente romântica - ou por falta de ser. Eu sinto que me falta alguma coisa. Então, escrever é uma maneira que eu tenho de me completar. Sou como aquele sujeito que não tem perna e usa uma perna de pau, uma muleta. A poesia preenche um vazio existencial. Às vezes, eu escrevo porque quero dizer determinada coisa que eu acho que não foi dita; às vezes, porque me interessa que conheçam meu ponto de vista. Às vezes, escrevo também por prazer.


João Cabral de Melo Neto, in: Auto-Retratos. Org. Giovanni Ricciardi. Ed. Martins Fontes

7 comentários:

  1. O ato de escrever sempre é para o verdadeiro poeta, para o verdadeiro escritor algo vita. Se tornando algo de fundamental importância, as vezes mais importante até que a própria vida.
    Orhan Pamuk diz que escrevemos para não ficarmos loucos, de certo modo ele está certo...

    ...Em relação a João Cabral de Melo Neto...é um dos maiores, sem dúvida...

    ...abraço!

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  2. Bom dia, moça!
    Cá estou, com o cigarrinho nos dedos, o café(que tá meio frio) e lendo seus pots.
    Escrever é realmente tão interessante e necessário que até sua própria ação vira textos fabulosos como esse fragmento do J.Cabral.
    Para mim, escrever é essencial. Não suportaria a vida sem esse exercício!

    Deixo contigo uma frase da Clarice que ela abre um outro fantástico livro dela que fala exatamente sobre a criação de um personagem e os desdobramentos da escrita:

    "QUERO ESCREVER MOVIMENTO PURO"

    Um grande beijo e bom fim de semana!
    Mell

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  3. Onde ponho meu nome?
    onde assino?

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  4. Mistério do Planeta, tenho-te como minha parada obrigatória, sempre leio-te o posta, mas acabo sempre me silenciando. Hoje quebro meu silêncio chamado preguiça [que vergonha de minha parte]. Particularmente, escrevo como terapia para minha alma. Um vício sem fim. No silêncio da voz à busca das palavras nuas, para telar o labirinto em cada palavreado. Mas, no sempre receio de escrever. Tão perigoso! Quem tenta, sabe. Palavras faltarão, pois escondem outras. Segredos infindáveis. Como perigoso mexer no que está oculto. Elas desnudam e assusta os assustados, nós em primeiro. Acredito que o escrever está à porta para quem acredita em raízes submersas, que seria: a profundidade do mar em leitura. E no conclamativo posicionar envolto esvaziar do arrancar sangue. Uma pedra lançada no poço fundo, tudo ser não ser. O remédio para a solidão do mundo [de si] que não está à tona da lava. E adentrar no revelar ilógico que entende o não entendido, devido às ciladas das palavras que a vida nos prega.

    Obrigada por tua que oferta neste teu cantinho. Sempre que pouso meus olhos nos post's, a minha pele fica perfumada.

    Abraços e paz!

    Priscila Cáliga

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  5. Por excesso!: o excesso da falta de ser! Essa é a razão minha de escrever. E eu tento incansavelmente. Tento, e um dia eu consigo!

    Ah dona Jeni, maravilhoso isso aqui viu!, repito que quero recortes desse livro! Rs
    Beijos*

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  6. Disse bem, mas disse muito. Sobre essa "coisa" que pede pra ser escrita, Anaïs é quem mais se aproxima qd fala de cura e desespero.
    Abraços.

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