quarta-feira, 7 de abril de 2010

A meio pau

Queria mais um amor. Escrevi cartas,
remeti pelo correio a copa de uma árvore,
pardais comendo no pé um mamão maduro
- coisas que não dou a qualquer pessoa -
e mais que tudo, taquicardias,
um jeito de pensar com a boca fechada,
os olhos tramando um gosto.
Em vão.
Meu bem não leu, não escreveu,
não disse essa boca é minha.
Outro dia perguntei a meu coração:
o que há durão, mal de chagas te comeu?
Não, ele disse: é desprezo de amor.

Adélia Prado, in: Bagagem. Ed. Record

9 comentários:

  1. HAHA..

    EU RI...
    MAL DE CHAGAS TE COMEU?

    BOM!

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  2. Olá!!!
    Belo blog! Gosto muito dos autores que vc coloca aqui: Adélia Prado, Clarice, minha favorita...
    Beijão!

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  3. Certas "taquicardias" nos acompanham em silêncio e do nada travam nossa "gota"...e aí quando resolvemos falar....só fazemos besteiras...rsr..!

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  4. Oi Jenifer! Obrigada pelo elogio, continue me visitando, vou adorar. :D
    E pode contar comigo por aqui, não por retribuição interesseira, mas por gosto puro. Tudo ligado a literatura me interessa de imediato. :)

    um beijo!

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  5. Amiga.

    Adélia Prado
    têm este dom de nos tocar o coração.
    Suas palavras conversam
    com os nossos sentimentos.
    Por isso são verdadeiras.
    Por isso são plenas.

    Que o amor tome sempre conta de ti

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  6. fodaaaaaaaaa...
    :O

    o durão as vezes nos surpreende...

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  7. Muito bom esse poema da Adélia Prado, de um humor fino. É sempre um prazer te visitar.

    beijos

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  8. Dói Adélia; Dói ...
    E o Durão .. coitado, deixa ele quieto.

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