sábado, 10 de abril de 2010

O tempo

Quando voltará o tempo
a estender-se a nossos pés
como uma planície verdejante?

Que saudades das tardes imensas,
infinitas, em que brincávamos,
corríamos, descansávamos
e líamos, horas a fio,
esses romances que nos enchiam a alma
e que em nós se tornaram!

Durmo demais ou de menos?
Sou lenta ou, antes,
apressada em demasia?
Manhãs e tardes esfumam-se
na voragem do dia-a-dia…

Nervosamente antecipo o pôr-do-sol,
enquanto percorro este labirinto
feito de momentos compartimentados,
intercalados por corredores
apinhados de ânsias e temores,
que são o meu tempo de hoje.

Sonho com o regresso do tempo infindo,
em que o corpo voltará a correr livre,
como criança, e o espírito, ousado,
voará mais alto do que nunca!

Tanto desejo esse tempo!
Tanto planeio criar
nessa planície verdejante!

Caiam paredes!
Dilate-se o espaço!
Germinem sementes!
Estenda-se a nossos pés
a imensidão do tempo!

Ilona Bastos

2 comentários:

  1. Comecei pensando em Mário Quintana...depois fui para Pablo Neruda mas terminei em Ilona Bastos...mais uma que nao conhecia....rsr...!

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