quinta-feira, 29 de abril de 2010

[...] Eu sou-te como tu me és...

Graça Loureiro
Cala o fluxo sensacional do teu corpo e encontrarás em mim, intactos, os teus medos e as tuas penas. Descobrirás o amor separado das paixões e eu descobrirei as paixões privadas de amor. Sai do papel que te atribuis e descansa no centro dos teus verdadeiros desejos. Por um momento deixa as tuas explosões de violência. Renuncia à tensão furiosa e indomável. Eu passarei a assumi-las.

Pára de tremer, de te agitar, de sufocar, de amaldiçoar, e reencontra o teu fundo que eu sou. Descansa das complicações, destorces e deformações. Por uma hora serás eu; ou antes, a outra metade de ti própria. Aquela parte de ti que tu perdeste. O que queimaste, partiste, estragaste encontra-se entre as minhas mãos. Eu sou guarda de coisas frágeis e preservei de ti o que há de indissolúvel.

Anaïs Nin, in: A Casa do Incesto. Ed. Assírio e Alvim

5 comentários:

  1. concordo com o comentário do moço de cima ^^


    Você tem me alegrado ada vez mais com suas escolhas .

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  2. Olá...
    Sim...belo fragmento...
    Essa necessidade que temos de nos firmar no outro, de fazer parte da identidade do outro, bem já dizia minha AMADA, "exercer essa busca desenfreada pelo outro em nós, e do nosso eu- maior no outro, não passa de um exercício terrível de solidão!" -mas convenhamos, quem não deseja tal paixão/encontro?

    Um enorme beijo, moça!
    Bom fim de semana!
    Mell

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  3. Preciso de um livro desta mulher - ela me parece uma enlouquecida.enlouquecida por escrever no limite do sentimento - escreve como vive - enlouquecidamente. Preciso lê-la!

    :/

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  4. "Aquela parte de ti que tu perdeste".

    Quantas eu não perdi por aí, enquanto tentava? Enquanto tento. Enquanto vou... "Eu sou a guarda de coisas frágeis e preservei de ti o que há de indissolúvel".

    Você tem sempre algo lindo pra me dizer. Sempre! Não tinha lido este ainda...

    Beijo

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