quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O silêncio dos parques

No silêncio dos parques
encontro a pausa para ouvir
e sentir
o reencontro comigo mesma.

Entrei fragmentada
vejo-me inteira
antes sozinha
encontro um abrigo
no silêncio dos parques.

Ouço ao longe o clamor antigo
do tempo passado
da longínqua infância
quando alguém me levava pela mão.

Ainda ecoam as vozes da criança
no silêncio dos parques.

Sinto a brisa dos parques
rodopiam ilusões perdidas
sonhos renunciados
sopro de folhas em rodamoinho.

Passantes solitários
aquecidos pelos raios do sol
buscam o perfume do bosque
que ampara e consola
nos parques do silêncio.

Pétalas púrpuras açafrão e anil
cobrem o chão
brindam aos que se foram
enfeitam o tempo que resta
no emaranhado de árvores
no parque da floresta.

Momentos felizes
de um mundo simples
tranquilo
onde cada ser era gente
não virtual.

Pouco restou do mundo conhecido
para sempre um abrigo;
só a lembrança ecoa
no silêncio dos parques.

Cruzo a ponte do silêncio
entre o que passa
e o mundo
onde tudo se transforma.

Fábia Terni Leipziger, in: Mergulho em Versos / Coletânea Poética. Ed. Parma LTDA

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