A Carlos Drummond de Andrade
Há horas não sou — e me pressinto
no que não sou e me visito
no relógio, no vazio do tempo
onde, irmãos na solidão,
a confidência teceu um elo
invisível a nos unir.
E me pergunto se me começo a ver no escuro
que não o desta casa mas de outra
— geografia vedada a um mesmo uso.
E penso no que serei agora:
passeio de quartos da casa que não sei,
fantasma.
Rio de Janeiro, setembro de 1955
Olga Savary, in: Coração subterrâneo. Ed. Todavia
no que não sou e me visito
no relógio, no vazio do tempo
onde, irmãos na solidão,
a confidência teceu um elo
invisível a nos unir.
E me pergunto se me começo a ver no escuro
que não o desta casa mas de outra
— geografia vedada a um mesmo uso.
E penso no que serei agora:
passeio de quartos da casa que não sei,
fantasma.
Rio de Janeiro, setembro de 1955
Olga Savary, in: Coração subterrâneo. Ed. Todavia
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