terça-feira, 23 de outubro de 2012

57

No luxo do dia
irrompe abruptamente
o corpo de outro dia.

Não é uma vaga miragem,
nem um recordo impaciente,
nem uma premonição
que explode e se antecipa.

Outro dia ocupa este dia
porque às vezes o tempo
corrige a si mesmo.
Ou somente se substitui:
cede seu turno a outro
de seus múltiplos leitos.

O relevo do tempo
não se oculta na somba.

Roberto Juarroz, in: Decimotercera poesía vertical / Poesía vertical, 1983 - 1993. Tradução de Renato Rezende. In: Puentes. Poesía argentina y brasileña contemporánea. Ed. Fondo de Cultura Económica. Antología bilingue

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