segunda-feira, 29 de outubro de 2012

29 de julho

Antonio Palmerini
por trás de cada verso nasce uma ave, um silêncio ferido, ou um mineral que se enterra sílaba a sílaba no corpo, estão contaminados de claridade os alicerces daquilo que escrevo. Uma cidade exterminadora vem do odor da tinta permanente, palavra a palavra escavo no coração do texto. Por trás de cada poema existe o corpo que o gerou num instante de pânico. Mas uma dúvida persiste, nada fica acabado, definitivo. Ilumina-se outro corpo pela insônia, desassossegado. Nenhuma máscara consegue esconder, nem proteger o rosto magoado. Nenhuma imagem tua se revela no açúcar das veias.

Al Berto, in: O Medo. Ed. Assírio & Alvim

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