por trás de cada verso nasce uma ave, um silêncio ferido, ou um mineral que se
enterra sílaba a sílaba no corpo, estão contaminados de claridade os alicerces
daquilo que escrevo. Uma cidade exterminadora vem do odor da tinta permanente,
palavra a palavra escavo no coração do texto. Por trás de cada poema existe o
corpo que o gerou num instante de pânico.
Mas uma dúvida persiste, nada fica acabado, definitivo. Ilumina-se outro corpo pela
insônia, desassossegado. Nenhuma máscara consegue esconder, nem proteger o
rosto magoado. Nenhuma imagem tua se revela no açúcar das veias.
Al Berto, in: O Medo. Ed. Assírio & Alvim
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