quinta-feira, 1 de março de 2012

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A Fronteira da Alvorada
[...] Corpo: esta prisão através da qual nos impregnamos de vida. Esta pilha de dias que nos conduz, alógica, ao único destino possível. Inevitável. Vamos todos morrer de tempo; de dias. Corpo: esta maldita prisão! Então me diz: por que temos de criar uma prisão dentro da outra? Diz: Por que temos de nos encher de moral? O mal do século é a civilização. O excesso de civilização.

[...] Um ano. Apenas um ano e a sensação de que poderia ser qualquer outra pessoa ou coisa, ou ainda, pessoa-coisa no lugar dele. Sempre pôde. Não acredito que exista, para além das nuvens, algo que imponha uma ordem cósmica irrevogável. Ao contrário do que possa parecer, não sou fatalista. Tudo poderia ter acontecido de outra forma. Você e eu estávamos lá. E é só isso, Paim. Não sou o amor da sua vida, não existe amor que dure uma vida. Morremos de esquecimento.

Daniela Lima, in: Anatomia. Ed. Multifoco

2 comentários:

  1. QUERID@S,

    Lançamento do livro de Daniela Lima - Anatomia - sábado, 3 de março, a partir das 19h, no Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, 126 – Lapa) Rio de Janeiro.

    Quem puder, vá :)

    Um abraço para tod@s,

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  2. O esquecimento,
    Por hora fatal.
    Outra hora,
    Ato de moral.

    Civilização,
    tantas outras
    Indecentes.

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