domingo, 26 de fevereiro de 2012

sem pausa

Sundari Carmody
De modo que eu, este caos, não sei o que penso, o que digo ou o que sou. Desconhecida de mim mesma.

Estou debruçada na janela e ouço ele abrir e em seguida bater a porta e depois de algum tempo não ouço mais nada além das crianças chegando da escola e do rádio da vizinha então deito na cama e me encolho agora as crianças estão brincando de pique-pega nas escadas e no rádio as notícias do dia e em mim além do silêncio um certo alívio afinal não há mais nada

a sua matéria não é mais possível
para
mim

Tenho a impressão de ouvir os meus sonhos se esgueirando pelos cantos da casa e acordando as lembranças e o amor e então levanto e fecho a porta do quarto na tentativa de deixar o mundo barulhento do outro lado da grossa camada de madeira mas em pouco tempo os malditos sonhos passaram por entre as frestas e alcançaram o meu peito

a gente pode esquecer dos sonhos
mas os sonhos
não esquecem

Daniela Lima

3 comentários:

  1. Sim,
    O sonho tem memória boa.
    E se aloja, se apossa;
    Faz de si, morada nossa.

    Luz!

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  2. Sonhar é tão bom


    Tudo o que eu quero
    É algo assim
    Buscando lembranças
    Impregnadas em mim
    Caminhos ocultos
    Passos que vão além
    Quero embalar meus sonhos
    Na memória de alguém
    A vida torna-se mágica
    À medida que aprendo
    Errando e acertando
    Assim vou vivendo
    O tempo é meu aliado
    Nessa busca infinita
    O que restou do passado
    Hoje está ao meu lado
    Se sonhar é utopia
    Isso me dá prazer
    Pois sonhos podem ser verdadeiros
    Deixa-os acontecer.

    Maristela Guedes

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  3. Não, não esquecem. E voltam para nos cobrar suas realizações. E se não for, ansiedade e agonia, até...

    Amei por não ter pontos, nem vírgulas. Me deixa com a sensação de continuidade, sem interrupções. Sabe um monte de coisas acontecendo, sem fim, sem freio, sem nada? Tal como a vida é, na maioria das vezes.

    Aliás os posts de hoje também estão incríveis. Amo essa ideia de poesia, onde as palavras dançam e assumem formas. Não sou boa com poesia, mas sempre que me arrisco, brinco dessa maneira, porque, pra mim, tem que ter forma. Sei lá... Coisa minha. Vai entender... Rs.

    Beijos e o dobro de delicadezas

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