segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"Caminha em um descampado, com árvore... Entardecer..."

[...]

ESTRAGON - (Voltando-se para todo o horror de sua situação). Dormia. (Com recriminação) - Por que nunca me deixas dormir?

VLADIMIR - Sentia-me sozinho.

ESTRAGON - Estava tendo um sonho.

VLADIMIR - Não me contes isso.

ESTRAGON - Sonhei que...

VLADIMIR - Não me contes.

ESTRAGON - (Com um gesto como para rodeá-lo) Isto te basta? (Silêncio) Didi, não és bom. A quem, a não ser a ti, quer que contes meus pesares íntimos?

VLADIMIR - Que continuem íntimos. Já sabe que não posso suportá-lo.

ESTRAGON - (Friamente) Às vezes me pergunto se não seria melhor que nos
separássemos.

VLADIMIR - Não irias muito longe.

[...]

Samuel Beckett, in: Esperando Godot. Ed. Cosac Naify

Um comentário:

  1. Estragon - Você se lembra do dia em que me atirei no Ródano?
    Vladimir - Nós estávamos colhendo uvas.
    Estragon - Você me pescou.

    beijo, patrícia

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