ESTRAGON - (Voltando-se para todo o horror de sua situação). Dormia. (Com recriminação) - Por que nunca me deixas dormir?
VLADIMIR - Sentia-me sozinho.
ESTRAGON - Estava tendo um sonho.
VLADIMIR - Não me contes isso.
ESTRAGON - Sonhei que...
VLADIMIR - Não me contes.
ESTRAGON - (Com um gesto como para rodeá-lo) Isto te basta? (Silêncio) Didi, não és bom. A quem, a não ser a ti, quer que contes meus pesares íntimos?
VLADIMIR - Que continuem íntimos. Já sabe que não posso suportá-lo.
ESTRAGON - (Friamente) Às vezes me pergunto se não seria melhor que nos
separássemos.
VLADIMIR - Não irias muito longe.
[...]
Samuel Beckett, in: Esperando Godot. Ed. Cosac Naify
Estragon - Você se lembra do dia em que me atirei no Ródano?
ResponderExcluirVladimir - Nós estávamos colhendo uvas.
Estragon - Você me pescou.
beijo, patrícia