Esqueci. Meu Deus do céu, esqueci sem piedade o motivo do que senti. E era tão forte que me acordava em plena dormência de existir. Disso me lembro, da plenitude, da alma pendurada entre o abismo e o nada. Eu, em feliz fragilidade, vivendo com leveza, as alegrias, as dores, de todas as idades. E agora, que esqueci, o que hei de sentir? O que faço com esse vazio que pesa em mim? Olha, estou afundada na indiferença, morrida na espera. Não me lembro do seu rosto (procuro fotos pra aquietar a agudez do esquecimento), minha boca não sabe mais o seu gosto. Ô meu Deus, esqueci. A sua voz, o seu olhar, esqueci. Se não te sei, se nem te lembro, pelo quê vou esperar, com quem vou sonhar? Por qual milagre acenderei velas?
Claudia Camara
Claudia Camara
Belíssimo texto. bjs
ResponderExcluirProfundo demais!
ResponderExcluirAqui sim! É um local onde as palavras realmente ganham vida. Penetramos surdamente no reino e saímos dele ouvintes do som que elas reverberam em nossa imaginação.
ResponderExcluirBeijo afetuoso
[...]Estou afundado na indiferença- Muito forte isso!
ResponderExcluirParece texto para monólogo. Gosto disso!
ResponderExcluirBjos
Margot Félix
lindo, lindo, lindo......
ResponderExcluirTão bom que assusta!
ResponderExcluirQue blog lindo o seu!!!
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