Vânia Medeiros
A noite/1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.
A noite/2
― Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas. Dispa-me, dispa-me.
A noite/3
Eu adormeço as margens de uma mulher: eu adormeço as margens de um abismo.
A noite /4
Solto-me do abraço, saio as ruas. No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua. A lua tem duas noites de idade. Eu, uma.Eduardo Galeano, in: O Livro dos Abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. Ed. L&PM
a dias essas noites tem se multiplicado.
ResponderExcluiraiai
trecho belo e verdadeiro e belo de novo.
Preciso ler este cara...
ResponderExcluirNão conhecia a arte da Vânia Medeiros, mas adoro o Galeano. A novidade com o clássico é uma ótima combinação! Agradeço, portanto.
ResponderExcluirAbraços,
Caju.
Impecável!!!
ResponderExcluirBeijos
uma mulher atravessada é imagem linda!
ResponderExcluirbj
Amei... irei buscar o livro.
ResponderExcluirgrata por partilhar.
bjs e ótima semana.
Fiquei com muita vontade de ler.
ResponderExcluirBeijos!
Este livro é delicioso: Galeano escreve com punhais, mas de uma forma lírica... é único. Um olhar muito lúcido de nosso tempo. Bjs darling.
ResponderExcluirbelo mesmo.
ResponderExcluir:)