O meio do caminho, ainda.
Perdera a conta das curvas e das distâncias. A de partir e a de chegar. O meio do caminho era o meio de tudo. Da serra e da vida. Tanto para chegar e o mesmo tanto para voltar. Parou o carro e saltou. Nem por isso mais perto do céu. Talvez chovesse e, se chovesse, demoraria ainda mais.
Um dia, havia imaginado como seria passar o tempo sem ter que contar com ele. Agora, que o tinha todo, o que fazer com ele?
E de tudo restaram três malas, e, mesmo assim, uma era pequena, de mão.
Tantos anos de uma vida postos em duas malas e meia.
Do alto da serra via os caminhos das águas. Doces e salgadas. O rio sinuoso que, por dentre o mato, buscava o infinito. E perdia-se. O sal das lágrimas apagava o mel dos sorrisos. O rio não alcançava o infinito, pois deixava de ser rio, e chegava mar ao fim de tudo.
Deixara de ser ele.
E quando?
Talvez que o meio da serra lhe facilitasse a visão de todas as perplexidades e perspectivas. Do dia em que achou a vida um enorme medo. Uma impossibilidade. Um balançar de pêndulo marcando tempo nenhum. Não fora nem viera na imperfeição do mais que perfeito. Estranho o tempo, o mais que perfeito. Tão imperfeito. Quando, condição. Quando, passado. Quando, presente. Quando, futuro.
Imperativo quando. Interativas vidas. Desativado tempo o tempo quando.
Duas malas e meia. Pouco para guardar o muito, se o pouco é tudo. Muito para guardar o pouco, quando o que importa é quanto. O laço de uma trança. A fita de uma camisola. As contas de um terço. Um terço de tantas contas, dias de folhinhas.
Tempo quando.
Se abrisse as malas, no meio da serra, no meio da vida, o vento faria o favor. Espalharia tudo na direção do mar, do rio, do caminho das pedras.
Solidão de náufrago. Solidão de sobrevivente. Solidão de quando.
Refazer o caminho, refazer a história, reviver o quando. Abrir as malas e a ferida.
Começava a escurecer e os faróis na serra confundiam-se com as estrelas. Sua vida fora apenas um ensaio e agora, no meio do caminho, ensaiava o ir ou voltar de e para idênticos destinos. Um caminho para o nada. [...]
Ro Druhens
Perdera a conta das curvas e das distâncias. A de partir e a de chegar. O meio do caminho era o meio de tudo. Da serra e da vida. Tanto para chegar e o mesmo tanto para voltar. Parou o carro e saltou. Nem por isso mais perto do céu. Talvez chovesse e, se chovesse, demoraria ainda mais.
Um dia, havia imaginado como seria passar o tempo sem ter que contar com ele. Agora, que o tinha todo, o que fazer com ele?
E de tudo restaram três malas, e, mesmo assim, uma era pequena, de mão.
Tantos anos de uma vida postos em duas malas e meia.
Do alto da serra via os caminhos das águas. Doces e salgadas. O rio sinuoso que, por dentre o mato, buscava o infinito. E perdia-se. O sal das lágrimas apagava o mel dos sorrisos. O rio não alcançava o infinito, pois deixava de ser rio, e chegava mar ao fim de tudo.
Deixara de ser ele.
E quando?
Talvez que o meio da serra lhe facilitasse a visão de todas as perplexidades e perspectivas. Do dia em que achou a vida um enorme medo. Uma impossibilidade. Um balançar de pêndulo marcando tempo nenhum. Não fora nem viera na imperfeição do mais que perfeito. Estranho o tempo, o mais que perfeito. Tão imperfeito. Quando, condição. Quando, passado. Quando, presente. Quando, futuro.
Imperativo quando. Interativas vidas. Desativado tempo o tempo quando.
Duas malas e meia. Pouco para guardar o muito, se o pouco é tudo. Muito para guardar o pouco, quando o que importa é quanto. O laço de uma trança. A fita de uma camisola. As contas de um terço. Um terço de tantas contas, dias de folhinhas.
Tempo quando.
Se abrisse as malas, no meio da serra, no meio da vida, o vento faria o favor. Espalharia tudo na direção do mar, do rio, do caminho das pedras.
Solidão de náufrago. Solidão de sobrevivente. Solidão de quando.
Refazer o caminho, refazer a história, reviver o quando. Abrir as malas e a ferida.
Começava a escurecer e os faróis na serra confundiam-se com as estrelas. Sua vida fora apenas um ensaio e agora, no meio do caminho, ensaiava o ir ou voltar de e para idênticos destinos. Um caminho para o nada. [...]
Ro Druhens
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