domingo, 21 de novembro de 2010

"Nunca mais quero me apaixonar, tenho horror disso porque inquieta, desarruma tudo", dizia alguém entrando nas garras de mais uma paixão - e todos ao seu redor sabíamos disso.

O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete de baixo dos nossos pés, faz com que nos defrontemos com medos e fraquezas aparentemente superados, mas também com insuspeitada audácia e generosidade. E como habitualmente tem um fim - que é dor - complica a vida. Por outro lado, é um maravilhoso ladrão da nossa arrogância.

Estar bem instalado pode por algum tempo nos encher de uma falsa plenitude: nada nos atinge. Mas também - nada nos encanta realmente. Começamos a bocejar - discretamente porque somos educados - desse tédio conjugal em relação à vida que nos cerca, e a vida que dentro de nós parece tão acomodada.

Mas alguém pode aparecer: alguém, ou algo. Um amor, um projeto, um sonho nos desperta, e nos acaricia, e nos seduz.

Podemos ter medo e simplesmente dizer não: puxar o lençol sobre a cabeça e continuar nesse entressono. Mas podemos espiar, e nos deixar encantar: seremos, para sempre, responsáveis por essa decisão.

Lya Luft, in: Secreta Mirada. Ed. Mandarim

4 comentários:

  1. O importante é ter sempre novos amores, que não precisam ser diferentes.

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  2. Prefiro a "desarrumação" ao tédio.

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  3. Mas é sempre assim, né... preciso de escrever, tenho tanta coisa pra contar.

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  4. Olá mocinha,
    que postagem bonita,
    acabei de pôr uma lá no Cotidiano a respeito disso mesmo [passa lá]!

    Gostei da nova cara-nova daqui (:

    Beijinho

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