sexta-feira, 9 de julho de 2010

O rio do tempo

O tempo não existe,
nem dentro nem fora.
Esses peixes de opala
são nomes que nadam na memória:
são rostos, são risos, são prantos,
são as horas felizes.

O tempo não existe,
pois tudo continua aqui, e cresce
como se arredonda uma árvore
pesada de frutos que são peixes,
que são nomes de nomes, são rostos
com máscaras.

O tempo não existe. Sou apenas
o aqui e o presente, e o atrás disso,
como um rio que corre mas não passa
- pois ele é sempre, em mim, agora.

Lya Luft, in: Para Não Dizer Adeus. Ed. Record

2 comentários:

  1. é...o tempo não existe.
    como pode existir algo que não pára de escapar?

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  2. Escolher palavras e escreve-las é com plantar, será inevitável colher. adorei suas palavras. Elas me comovem e me acalmam.
    Um grande beijo... e nunca pare... continue como um rio...

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