Na primeira noite, ele sonhou que o navio começara a afundar.
As pessoas corriam desorientadas de um lado para outro no tombadilho, sem lhe dar atenção. Finalmente conseguiu segurar o braço de um marinheiro e disse que não sabia nadar. O marinheiro olhou bem para ele antes de responder, sacudindo os ombros: "Ou você aprende ou morre".
Acordou quando a água chegava a seus tornozelos.
Na segunda noite, ele sonhou que o navio continuava afundando. As pessoas corriam de outro para um lado, e depois o braço, e depois o olhar, o marinheiro repetindo que ou ele aprendia a nadar ou morria. Quando a água alcançava quase a sua cintura, ele pensou que talvez pudesse aprender a nadar. Mas acordou antes de descobrir.
Na terceira noite, o navio afundou.
Caio Fernando Abreu, in: Pedras de Calcutá. Ed. Agir
Acordou quando a água chegava a seus tornozelos.
Na segunda noite, ele sonhou que o navio continuava afundando. As pessoas corriam de outro para um lado, e depois o braço, e depois o olhar, o marinheiro repetindo que ou ele aprendia a nadar ou morria. Quando a água alcançava quase a sua cintura, ele pensou que talvez pudesse aprender a nadar. Mas acordou antes de descobrir.
Na terceira noite, o navio afundou.
Caio Fernando Abreu, in: Pedras de Calcutá. Ed. Agir
Sucessivamente, as coisas pioram...
ResponderExcluirA necessidade faz o homem,
ResponderExcluirA aprendizagem é uma questão de oportunidade e tb de vida.
Sigo aprendendo...tenho aprendido.
Um beijo
Erikah
"Aprende ou morre."
ResponderExcluirEm tudo...
Jota Cê sempre sonha com navios afundando e me salvando... ainda bem que me salvava.
ResponderExcluirCaio é demais!
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
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Esse conto foi uns dos que mais me tocou do Caio...
ResponderExcluiré impressionante a singularidade do conto.
Esse danado do Caio. Não há uma frase dele que não me deixe pelo menos uns dez minutos suspensa.
ResponderExcluirÓtima escolha.
Beijoca
Adoro poesia e encontrar o seu blog foi uma surpresa muito agradavel. Agora não te perco de vista. Eliete
ResponderExcluirNossa...confesso que fiquei meio "assustado"...rsr...
ResponderExcluirAndo meio estranho...
Até fragmentos como este andam me causando agonia...
abraço
Confesso que este fragmento me causou certa agonia...
ResponderExcluirTenho andado mei estranho mesmo...
Como diz a canção do Zeca Baleiro...
abraço!
A profundidade da narrativa do Caio é uma coisa que de fato preciso me curvar. Apesar de ainda não me convencer de fato que ele tem grande coisa a oferecer que outros assim já não o fizeram....Algumas coisas dele me lembram Clarice, em sua fase ainda "verde", tentando mergulhar no profundo...o incrível é que quando ela descobriu que não era preciso ensaiar para esse mergulho,ela já estava dentro dele. O que não consigo ver em Caio, que parece sempre estar a um salto e nunca pula.
ResponderExcluirDesculpa, Flor, sei que tens xodó pro ele, mas não consigo ainda ter essa visão desmedidamente apaixonada por ele como muitos por aí!!!
Saudades de você, mas esses dias estão complicados demais!
Dou notícias conforme o tempo me permita!
Sigo lendo-te !
Enorme carinho por ti e por teu reino!
Mell
Adoro as obras do Caio F.
ResponderExcluirMas isso não deve ser novidade para ninguém.
O que ele ensina em seus contos vale por livros e mais livros!
Bjs, flor =*