Estamira

de muita dor em voz baixa
de vergonhas que a família abafaem suas gavetas mais fundas
de vestidos desbotados
de camisas mal cerzidas
de tanta gente humilhada
comendo pouco
mas ainda assim bordando flores
suas toalhas de mesasuas toalhas de centro
de mesa com jarros
- na tardedurante a tarde
durante a vida -
cheio de flores
de papel crepom
já empoeiradas
minha cidade doída.
Ferreira Gullar, in: Fragmento de Poema Sujo / Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século. Org. Italo Moriconi. Ed. Objetiva
Nossa, enxrguei um cenário com esse poema.
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