sábado, 29 de maio de 2010

Do desejo

I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

Hilda Hilst, in: Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século. Org. Italo Moriconi. Ed. Objetiva

6 comentários:

  1. Adorei o blog. Os textos aqui colocados são lindos. Beijos

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  2. E eu concordo que seja um dos cem.
    Passa-se mil sensações, da primeira até a ultima palavra;.

    Se não estou louca, o layout mudou né?
    Me vi antes numa primavera, e agora me ocorreu o outono.

    Paz,

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  3. Eu quero arquivar esse no meu blog.
    Espero que não se importe.

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