quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Inconstância

Cachos nos meus cabelos,
curvas nas minhas costas,
e na barriga, os nós.

No movimento da digestão e a luta do intragável,
cólica de mulher, cólera de um alguém.
O espelho do banheiro para chorar.
A paisagem da janela para sorrir.

Quero a constância do movimento da inércia da vida,
sem o pesar do que se teve que passar,
nem a pressa do ter que ir.
Nestes desejos-pássaros querendo céu e alimento,

Sou vento,
movido por alguma corrente de ar,
estacado por algum dia de dor.
Brisa, quando estou bem.
Vendaval, quando não estou.

Inaiá Costa Simões, in: Saudades e Outras Tatuagens

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