segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tempo

Parece que foi ontem, eu correndo entre as árvores tão cheias de frutos. Eu peguei um dos frutos, mordi. O tempo pegou uma das flores, caiu. Parece que foi ontem, eu deitada na grama para olhar as nuvens e meus dedos descobrindo na terra a flor que eu nunca poderia salvar. Se, ao menos, ela aceitasse o sol e a terra que eu tinha. Se, ao menos, não desistisse da primavera, quando o inverno chegasse primeiro, pousando as suas mãos sobre ela... Parece que foi hoje, os transeuntes com pressa, trazendo os caminhos do futuro para baixo dos pés. E eu entre os meus pés distraídos, descalços, colhendo do tempo, daquela antiga praça, uma erradia flor.

Rita Apoena

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