quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Serenade for the Doll
Eu me assustava
quando partias sem nada dizer.
Mais assustado ficava
quando regressavas sem nada dizer.

O relógio na cozinha, pupila de faca.

Botavas o prato e a comida na mesa,
em obrigação ofendida.
Comia tuas confissões
com os talheres trocados.
Só os ouvidos se mexiam.

Nossos espelhos foram
se consumindo
no forro das portas.

Fabrício Carpinejar

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