sexta-feira, 18 de março de 2011

E além da canção incontida/ do teu amor ausente...

Que boca há de roer tempo? Que rosto
Há de chegar depois do meu?
Quantas vezes
O tule do meu sopro há de pousar
Sobre a brancura fremente do teu dorso?
Quantas vezes dirás: vida, vésper, magma-marinha
E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas
Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas
Sem poder tocar-te. Quantas vezes amor
Uma nova vertente há de nascer em ti
E quantas vezes em mim há de morrer.

Hilda Hilst

6 comentários:

  1. sempre vendo coisas lindas por aqui \o/

    ResponderExcluir
  2. Só morre poque sabe ressucitar.
    E ressucita como ninguém.

    ResponderExcluir
  3. Isso foi um presente hoje...Grande abraço.

    ResponderExcluir
  4. Hilst, poeta que interroga respondendo...
    Meu dorso se arrepia piamente...

    Abraço mineiro,
    Pedro Ramúcio.

    ResponderExcluir
  5. hilda é boa demais, neam? de cortar.

    beijos

    ResponderExcluir